sexta-feira, 30 de março de 2012

A dor de ser feliz.

Em um dia que o Pedrão estava com dor de barriga, ele vira e me fala:
_Ai, mãe, como queria ser você agora, e que você fosse eu. Assim quem estaria com dor era você.
O normal seria eu dar risada, tirar uma onda da cara dele de folgado, etc. Mas a primeira coisa que pensei foi: Putz, eu também queria.
Queria entender por que somos assim. Por que não suportamos ver nossos filhos sofrendo, seja lá pelo que for. Por que quando vemos aquela carinha de sofrimento, ou dor, parece que um buraco se abre em nosso coração.
Essa semana foi muito intensa aqui em casa. Na verdade, eu fiquei até em dúvida se não estava errando o dia meu aniversário, pois tive quase certeza de que estava em meu inferno astral. Semana difícil, dias intensos. Até Alice, que nunca deu trabalho para dormir, resolveu dar o maior show e brigar com o sono.
Eu sei que era manha, reconheci o choro forçado de longe - a gente tem esse dom, sabemos o que é cada choro deles -, mas mesmo assim, vê-la dando aqueles solucinhos, acabou comigo. De contra partida, ver o irmão não conseguindo dormir, se irritando com o choro dela e, mesmo assim, ficando quietinho na cama, esperando o chilique da irmã passar, me doeu mais ainda.
Assim que tudo passou, olhei os dois dormindo, e de repente a Alice solta um suspiro com soluço...nossa, achei que ia rasgar por dentro.
Até nas horas que temos que falar não, ou dar uma bronca mais dura, olhar aquela carinha do Gato de Botas, faz com que engolir ácido seja remédio para aliviar dor de garganta. E olha que broncas são necessárias, é algo que TEMOS que fazer.
Com relação aos dodóis, eu nem quero entrar no mérito. A gente reclama todos os dias que nossos filhos não param, que são espevitados, que nos deixam loucas. Mas é só eles deitarem e ficarem quietos por mais que dois minutos, que temos vontade de gritar para os deuses. Dá vontade de trocar de corpo, literalmente, como disse Pedrão. Seria ótimo, eu aguentaria todas as dores deles numa boa, só para vê-los correndo de novo.
Para ser sincera, eu odeio ser assim. Odeio sentir essa dor. Essa dor que eu nunca havia imaginado sentir antes de ter filhos. Dói, dói demais. Queria ser forte, olhar a pirraça de um filho e dizer: tomou bronca porque mereceu. Olhar um amiguinho desprezá-lo e dizer: a vida é assim, tem que aprender desde já. E vê-lo doente e pensar: agora calma, vamos ver que remédio dar primeiro.
Mas eu não sou assim. E nesses momentos, minha dor faz com que me sinta uma pessoa fraca, frágil e vulnerável. Por mais que eu tente, não consigo mudar.
Preciso evoluir. Preciso ser mais mãe e, principalmente, preciso ser mais forte.
Do jeito que está, não dá.
O que me consola, é que a partir do momento que resolvi ser mãe, eu sabia que seria assim - só não imaginei a intensidade, claro -, mas aceitei o pacote. E apesar de tudo, é isso que me faz me sentir humana, e totalmente completa.
Até mais.

3 comentários:

  1. É isso mesmo como dói ser mãe, mas muito gratificante cada etapa. Vale apena esta experiência...um amor incondicional...Quando vou pegar a Helena no berçario e a berçarista já vem falando "Hoje a Helena só chorou", minha cara vai lá no chão, ela me olha de um jeito mãe me pega logo só quero mamar, meu coração aperta e enche de alegria de saber que ela é minha e tudo vai ficar bem...coisas de mãe!

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  2. Os antigos já diziam que para agradar uma mãe tem que agradar primeiro o filho! Isso é a mais pura verdade!!! Há duas semanas mais ou menos eu tive um ataque de raiva materna na antiga escola do José. Enquanto comprava lanche para ele um garoto deu-lhe um chute daqueles. A coordenadora que fica na entrada com os pequenos nem viu...ela nunca vê! Bom, fui perguntar se estava tudo bem com ele e entregar as fichas para o lanche. Quando ela me viu veio que nem uma galinha choca...o que foi? Ah! Porque...virei o bicho mesmo! Conclusão, na sexta-feira o José já estava matriculado em outra escola. Ser mãe é não ter sossego nunca mais...é não saber mais o que é paz interior! A gente está sempre atenta a alguma coisa, a um olhar, uma conversa esquisita...Na nova escola eu quase morri...No terceiro dia de aula ele bateu a boca no parquinho. Disse a professora que ele não chorou.Mas quis! Quando eu fui buscá-lo na saída, quando ele me viu soltou rapidamente a mão da professora, correu e me deu um abraço muito forte e disse que queria que eu estivesse lá com ele e então começou a chorar de soluçar. Gente! Chorei como uma criança! Fiquei muito triste e nesses momentos a gente se promete que vai cuidar ainda mais...no final viramos as superprotetoras e estragamos tudo! Tem um programa novo no discovery que trata desse assunto...mães superprotetoras e filhos muito estragados...
    Gente, não tem jeito! Ser mãe é ser louca, perturbada, absurda mas tudo isso para proteger sua cria. Então vale a pena sim!
    Ju

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  3. Meninas, tbm sou assim, gosto do Luan, debaixo dos meus olhos, ou melhor, debaixo das minhas asas...Mas ser mãe é assim, é um amor que não cabe dentro da gente...ser mãe é ver o coração bater fora do peito...Como diz a Tia Janete, depois que o espermatozóide fecundou o óvulo, vc nuca mais tem sossego na vida (e olha que o filhinho dela já tem quase 40 anos),pra defender o meu filho eu viro uma leoa se for preciso.Eu amo ser mãe,é o melhor presente que Deus me deu...

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