domingo, 22 de setembro de 2013

Meu melhor remédio.

As duas últimas semanas foram insanas para mim. Uma correria absurda, muitos problemas, trabalho demais e tempo de menos. Acrescente nisso achar tempo para limpar a casa, fazer comida - saudável - para a família, brincar com os filhos e descansar.
Claro que descansar nem entrou para a lista. Brincar com os filhos ficou logo em seguida na lista de falhas. 
Como se não bastasse, meus filhos ficaram doentes. Febre, falta de apetite, mais febre e manha. Muita manha. Então, temos que acrescentar nesses últimos dias, correria para médico, clínicas de exame e hospitais.
Ok. Estou um bagaço.
Mas aconteceu algo que me chamou a atenção essa semana. No meio dessa loucura toda, eu encontrei tempo para sofrer de saudades dos meus filhos. Mas não foi uma saudade qualquer. Foi uma saudade louca, que chega a doer e quase sufocar. Eu já estou sofrendo com isso há algum tempo. Saio para trabalhar e sofro. Deixo na escola e sofro. Mas é algo controlável. Sempre foi assim, mas com uma intensidade menor. 
Eu sou dessas mães que deixa o filho na escola e, quando chega em casa, fica vendo fotos de quando ele era bebê só para matar a saudade. Não tem jeito, sempre fui assim. Mas desde que voltei a trabalhar, isso se intensificou. E no meio de tantos problemas e preocupações, a coisa toda tomou proporções absurdas. 
Mas sou adulta, cheia de responsabilidades, então supero isso a cada dia. E tento compensar esses momentos assim que os pego na escola. 
Então, essa semana, no meio de tanta loucura, eu os pegava na escola e continuava trabalhando. Pela manhã, os deixava na frente da TV e já me enfiava no trabalho entre telefonemas, corridas em obra e computador. Mal os via, e só percebia que eles também estavam sofrendo quando pediam - quase implorando - para que eu me sentasse só um pouquinho perto deles. Ou então, quando choravam ao me ver sair. 
Até que chegou a sexta feira. E um dos problemas não se resolveu da forma que eu esperava, e me bateu um desespero. Fui buscar a Alice - nesse dia o Pedro estava muito doente e acabou não indo para a escola - e no caminho fui chorando tanto que comecei a passar mal. Quase bati o carro. Sim. Isso mesmo. Tive que parar, respirar e me acalmar para seguir em frente. Não adiantou muito, quando eu começo a chorar eu desembesto. Mas assim que cheguei na escola, ainda me concentrando para não voltar a desabar, a Alice veio correndo para me abraçar, com balinhas na mão e um sorriso imenso. Por incrível que pareça, ao invés de eu desatar a chorar novamente, uma força apareceu. Algo inexplicável para quem não tem filhos. Foi como se ela, com suas mãozinhas tão pequeninas, viesse com um balde cheio de luz e amor, e o derramasse sobre mim. Me lavou com sua alegria, e fez com que aquela tristeza e desespero sumisse de repente. 
Cheguei em casa e Pedrão estava corado, a febre tinha ido embora e ele correu para me abraçar, morrendo de saudades. 
Fechei a noite com meu marido e meus dois filhos me mimando e me enchendo de abraços e beijos.
A descoberta, para mim, foi ver que duas crianças, tão inocentes e puras, podem se tornar o melhor remédio para um adulto. Minha visão de saudades agora mudou. Ela não sumiu, claro, mas eu a vejo de outra forma. Quando sinto aquele desespero aparecendo, fecho os olhos e lembro de um segundo de sorriso dos meus filhos. É incrível! Quando abro os olhos, o mundo se torna diferente. Tudo parece possível. Consigo erguer a cabeça e enfrentar tudo com o coração cheio de esperanças e alegrias. 
Experimentem. Abusem do fato de que Deus nos envia anjos particulares para nos acompanhar e nos tornar pessoas melhores. Se essa é a missão de um filho, eles estão de parabéns, executam o dever de forma formidável. O que torna nossa missão apenas retribuir o carinho, atenção e amor e administrar tudo isso durante o seu crescimento. 
Não vamos decepcioná-los, não é mesmo?!
Até mais.