segunda-feira, 28 de abril de 2014

Tempo para tudo.

O que estamos fazendo com nosso tempo? Vocês já pararam para pensar em como é o nosso dia?
Estamos o tempo todo olhando para o relógio, correndo de um lado para o outro, gritando para as crianças irem mais rápido. Quem nunca sentiu que o mundo inteiro girava em câmera lenta em torno de si, não sabe o que é passar nervoso de verdade.
O meu dia sempre foi calculado e cronometrado para que eu conseguisse fazer tudo: limpar casa, fazer comida, trabalhar, levar crianças na escola, ir ao mercado e brincar com os filhos. E era incrível, mas eu nunca conseguia cumprir o cronograma.
A gente começa a acordar cada vez mais cedo, e dormir cada vez mais tarde, comemos em menos tempo e nos sentamos raras vezes ao dia. A semana inteira pensando em como seria bom se o dia tivesse mais algumas horinhas.
Até que chega o fim de semana e, então, pensamos: "Ufa! Vou descansar!". Mas no fim, corremos de passeio em passeio, pensando que não vai dar tempo de brincar no parque e passear no shopping no mesmo dia. As roupas - e uniformes - não foram lavadas durante a semana pois não deu tempo, então a família adia algum passeio para colocar o que faltou em ordem para a semana ser menos estressante - e sem contratempos.
No meio dessa loucura estão as crianças. Enquanto eu corro com uma vassoura na mão e o telefone pendurado entre a orelha e o ombro, vejo os olhinhos da pequena brilhando e sua boquinha mexendo. Não dá tempo de perguntar o que ela está falando, então eu só balanço a cabeça, dou um beijo em sua bochecha, e volto a correr pela casa. Depois vem o pequeno, me puxando pela blusa e falando sem parar, fingindo que acredita que eu o estou escutando. A gota d'água chega quando vou colocar meus dois filhos no carro, e o mais velho grita para a mais nova - que vive no país das maravilhas - " Vai logo! Nós vamos atrasar a mamãe!".
Ok. Chorei quando ouvi isso.
Que tipo de mãe eu sou? Não basta eu estar tão estressada e sobrecarregada? Tenho mesmo que jogar todo esse fardo em cima de duas crianças? Eles vivem uma agonia que não é deles. Sim, por que os afazeres deles - tomar banho, escovar dentes, fazer dever, arrumar cama - eles fazem e ainda sobra tempo para que se divirtam. Sou eu quem não estou dando conta de tudo, mas fico culpando as brincadeiras e viagens ao mundo das maravilhas - ou dos super heróis - por isso.
Aposto que todas que estão lendo isso, em sua infância, pouco sabiam se seus pais estavam atrasados ou não. As cobranças eram menores, eu sei, e por isso as crianças não sentiam o peso de horários e prazos, mas nós temos que saber que os prazos são nossos, e as crianças ainda são crianças, e não tem prazo exato para que isso mude.
Reclamamos que nossos filhos, às vezes, são nervosos, ansiosos, chorões e até "grudentos", mas não conseguimos romper nossa bolha de estresse para ver que somos nós que causamos isso a eles. Eles apenas refletem aquilo que ensinamos: a vida é corrida, e não temos tempo para nada.
Penso que corremos tanto contra o tempo, que quando olharmos verdadeiramente para o relógio, será tarde. E só então iremos perceber que chegamos tarde demais na vida dos nossos próprio filhos. E aí, ah que tristeza, não tem calmante, ansiolítico ou chazinho que irá resolver.
Fiquemos atentas às crianças e não ao relógio. Pode ser que funcione, não é?
Até mais.