quarta-feira, 2 de abril de 2014

Experimentos caseiros.

Fizemos uma viagem semana passada e, por causa do dia agitado - dia todo em parque aquático -, as crianças chegavam no quarto de hotel e o que nós esperávamos era que elas se jogassem na cama e ficassem assistindo televisão, como costumam fazer em casa. Mas, ao invés disso, elas deitavam no chão e desenhavam em cadernos que eu levei na mala. O Pedro revezava entre desenhar e ler um mega gibi que ele mesmo comprou. 
Até aí, tudo bem, nada demais. Mas quando chegamos em casa, fazendo um balanço geral de nosso passeio, meu marido e eu percebemos que, durante aqueles dias, as crianças ficaram mais calmas - talvez o cansaço de passar o dia na água - mas também mais criativas. Conseguimos fazer alguns passeios que antes era somente um sonho para nós - como ir a restaurantes sem brinquedoteca. Era incrível mas quando chegávamos em algum lugar que eles precisariam ficar sentados esperando, Pedro já tirava seu gibizão e começava a ler, e Alice começava a rabiscar em seu pequeno caderno da Cinderela ou então brincava de anotar pedidos e fazer comidinha com palitinhos. Por incrível que pareça eu e meu marido conseguimos conversar e beber alguma coisa. 
A que associo essa mudança? Um único objeto: televisão.
Já faz um tempo que eu andava pensando em tirar a TV da rotina da casa, mas toda vez que eu pensava isso, acabava que eles se acalmavam e eu me sentia cruel em tirar algo que eles gostassem tanto. Só que a calmaria durava pouco, e era só desligar a TV para o caos começar. 
Essa viagem nos deu coragem para tentar. Como um experimento, resolvemos que essa semana - de segunda à sexta - não teria televisão depois da volta da escola. Conversamos com as crianças e explicamos os prós e contras de passar tanto tempo na frente da TV, e eles toparam o desafio - sim, sim, foi de comum acordo. 
A ideia não foi inteiramente minha, claro, estou lendo um livro que me encorajou ainda mais. Nele diz que criança tem que ser criança. Simplesmente isso. Colocamos esses pequenos na frente de uma TV e os privamos de correr, rir, descobrir coisas novas, cair, ter experiências boas e ruins. Queremos que eles fiquem antenados, mas eles são pequenos, e o tempo de se antenar vai chegar. Não precisamos nos desesperar. Criança precisa de pouca coisa para crescer saudável e feliz: um lugar para correr, andar e um pouco de imaginação. Algo tão simples que foi se perdendo com a tecnologia. 
Sempre reparei que, assim que eu desligava a televisão, meus filhos não conseguiam brincar direito. Acabava saindo brigas e o ócio tomava conta da casa. Eles mal brincavam com seus brinquedos - que não são poucos - e nem aproveitavam o quintal enorme do qual são privilegiados.
Ao mesmo tempo que eu queria dar essa oportunidade para eles - de aproveitar mais o que se tem em volta -, eu também queria curti-los mais. Por isso a regra se estendeu a todos da família, lógico. Nem adultos e nem crianças podem usar nenhum tipo de tecnologia a noite - pelo menos até eles irem dormir, claro. Não podemos mexer em celular ou computadores. 
Preciso deixar bem claro que não virei bicho grilo, nem uma hippie maluca. A televisão pode ser usada ainda, mas com muitas restrições. Pela manhã, quando acordam, eles têm o tempinho da preguiça com TV ligada. E nos fins de semana os filmes também são liberados. Ninguém é de ferro, não é? Mas a expectativa é que, naturalmente, esse tempo diminua. Quem sabe as descobertas são tantas, que a TV acaba ficando um pouco sem graça? 
Bom, hoje é quarta feira, e estamos no terceiro dia de nosso experimento. O balanço até agora é muito positivo. Já brincamos - a família inteira, juntos - de forca, jogo da velha e Stop - eu adoraaaava stop. Os dois sozinhos brincaram de piquinique em baixo da mesa e escolinha. Meu marido e eu estamos conseguindo conversar mais, ficar mais juntos e até rir mais com as bobeiras das crianças. Livros são liberados, então estou aproveitando para colocar toda minha leitura em dia e o Pedrão me acompanha. Pela manhã, eles assistem a Peppa - claaaaaro -, e logo já saem brincar no quintal. Não estão mais sentindo tanta necessidade de seguir a programação completa do Cartoon e Discovery Kids. Ainda rola uns pedidos esporádicos para ligar a TV - seria impossível acabar com um vício de um jeito tão fácil e rápido -, mas a distração é tão grande que eles mesmo esquecem sem muito alarde. 
(Enquanto escrevo isso, percebo que parece até um milagre...).
Confesso que estou adorando. Enquanto vejo eles brincando sem aquele ruído de fundo de algum programa que alguém estaria assistindo, me sinto uma verdadeira mãe. Sabe? Tipo consciência tranquila? É besteira, mas é a sensação que me dá. Não sei, mas acho que esse experimento vai acabar virando nossa rotina definitiva. Semana que vem conto o fim - ou o começo - de tudo isso. 
Até mais.  


segunda-feira, 31 de março de 2014

Recarregando energias.

Juro que estou tentando pensar em um tema legal e interessante para postar. Tem vários, claro, mas sabe quando não dá aquela liga na hora de escrever? Pois é...
Quem me conhece sabe que ultimamente minha cabeça só pensa em uma coisa: corrida. E não é a corrida que se faz para pegar criança que apronta nem nada disso. É a corrida mesmo. Esporte puro. 
Comecei a correr pela necessidade em ter algo que eu fizesse e me desligasse de tudo e todos. Um momento só meu.  Sempre gostei de academias, mas essa não era uma opção já que eu tenho dois filhos em escola particular. Caminhar é algo muito calmo para um ser como eu. Sou capaz de ficar mais estressada depois de caminhar alguns quilômetros. Por isso fui praticamente "obrigada" a correr. Demorei um pouco para engrenar e pegar gosto pela coisa, mas agora sou uma vítima da endorfina. Corro quase todos os dias, e fico até mal humorada no dia em que não vou. 
Bom, por causa disso, nos últimos meses a pergunta mais frequente para mim é: "Como você arruma tempo para correr?"
Fiquei pensando nisso e, confesso, que cheguei a ficar encanada: será que eu ando ociosa demais? Será que ando exagerando na dose?
Mas depois de muito pensar, cheguei à algumas conclusões. 
1 - Todas temos tempo para fazer algo de bom para nós mesmas. Repare: pode ser apenas um momento para ficar mexendo no celular, mas damos um jeito de parar tudo e fazer algo que nos dá prazer. Ou seja: ter tempo é relativo, vai depender de suas escolhas. 
2 - Acredito muito em fases da vida. Quando eu tinha meus filhos bebês, eu queria ficar com eles, curtir o bebê engraçadinho e participar de todas as suas descobertas. E depois de fazer tudo isso, sinceramente, eu não tinha pique para mais nenhuma descoberta, principalmente tentar descobrir quantos KM eu correria em uma tarde. 
3 - Não foi fácil criar a rotina. Depois de correr sofrido, ainda chegar em casa e cuidar de faxina e filhos mega ativos não é algo que a gente queira para o nosso dia a dia. Mas tudo pelo nosso bem estar.
Eu acordo bem cedo, e corro antes do marido sair de casa para trabalhar e das crianças acordarem. Quando chego em casa, nos primeiros vinte minutos, só tenho vontade de me jogar na cama e curtir a endorfina. Mas é claro que seria demais uma mãe de dois filhos ter tantos prazeres de uma só vez. Então é banho rapidinho e bora para a correria total. 
Mas nem as dores do pós treino e todo cansaço me fazem parar de correr. Porque durante a minha corrida eu recarrego a bateria mais importante de nosso corpo: a mente. O corpo acostuma e logo não dói mais. Mas a mente, só descansa cada vez mais. Em cada treino me recupero mais. Aí, quando volto para a rotina doida que é minha vida, volto disposta, feliz e cheia de vontade de melhorar.
Aqui em casa todo mundo me apóia, aliás, se começo a ficar rabugenta até meu filho manda eu correr. 
E vocês? Já acharam algo que recarrega a mente de vocês?
De volta a mil no blog.
Até mais.