quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tecnologia acima de tudo.

Já faz um tempo, fui buscar Pedrão na escola e encontrei a Dani (mãe do Dudu). Quando ela parou em seu carro, eu vi que ela tinha aqueles aparelhinhos de Dvd's portátil. Eu olhei e, toda empolgada, falei que achava legal aquilo, pois com o trânsito que pegamos na saída da escola, é uma boa distração para as crianças e tal. Então ela disse que não usava durante a semana, pois se ligasse a pequena TV, não havia mais conversa no carro.
Eu bufei e fui embora. Naquele momento para mim, a única coisa que me atraia eram alguns minutos de silêncio, e mais nada.
Foi então que nós trocamos de carro, e o rádio do carro novo deu um problema e ficou no conserto durante um mês  por causa da garantia.
A diferença das idas e vindas de carro que faço com as crianças foi gritante. Sem o rádio, a gente conversava, brincava e até cantava musicas trocando todas as letras. Por incrível que pareça, a falta do silêncio não me fez mal, pelo contrário, me deixou mais feliz.
Comecei a fazer a mesma coisa em casa. Antes, o primeiro que acordava, ligava a TV. E dificilmente ela seria desligada antes do horário de sair para ir a escola. Ou seja: eu limpando, lavando, correndo, e as crianças, cada uma de um lado do sofá, vidradas na TV. Restringi os horários de televisão, e as brincadeiras começaram a fluir melhor.
Confesso que não havia reparado que a situação estava desse jeito. Acho que isso foi acontecendo gradualmente aqui em casa, então , talvez, foi por isso que demorei para perceber que estávamos assim.
Hoje em dia achamos o máximo quando uma criança de dois anos domina quase completamente um aparelho celular, ou um mouse de computador. Mas não percebemos que isso os isola do mundo. Eles ficarão como nós, cada um em seu aparelho, curtindo suas próprias coisas sem ao menos olhar para os lados.
Penso assim, internet, celular, tablets, essas coisas, são muito legais. Ajudam o nosso dia a dia, de certa forma. Mas ao mesmo tempo nos afasta do mundo real, do contato humano. Não consigo achar que a tecnologia seja tão ruim, mas também começo a ver o quanto ela prejudica em alguns aspectos.
Mais uma vez devemos achar o equilíbrio. Mas será fácil achar o equilíbrio, sendo que nós mesmas somos "viciadas" nisso tudo?
Adotei o método de controle de tempo aqui em casa. Deixo jogar video game por um tempo, assistir TV em outro tempo, e por ai vai. Mas nada rigoroso demais, tento fazer tudo parecer natural. Enquanto estão assistindo alguma coisa que vejo que não é tããooo legal assim, os chamo para ver o passarinho esquisito lá fora. E funciona. Eles se distraem e não voltam para o sofá. No carro, só coloco musica, depois que vejo que os assuntos já se esgotaram, e que todos querem curtir um momento quietinho no seu canto.
Tenho que dar a mão a palmatória: a Dani tinha razão. Com tecnologia por perto, não há conversa.
Que tal ensinarmos nossos pequenos a mexer nisso tudo - se faz necessário, para o futuro deles mesmos -, mas também ensinarmos que brincar de pega-pega, ou jogar peteca, ou ler um livro, ou jogar um jogo apenas as vezes é até mais legal que um jogo de computador?
Sei lá. Acho que a gente vai acabar curtindo muito mais nossos filhos, e eles vão ter lembranças ótimas de sua infância.
Até mais.