BY BIA.
Outro dia
eu estava lendo uma conceituada revista feminina, quando encontrei
uma reportagem sobre mães francesas. Nele havia uma explicação
para todos os meus problemas maternais.
O
texto dizia, em resumo, o seguinte: que o filho da mãe francesa,
fazia parte do seu projeto de vida, enquanto que o filho da mãe
brasileira é o seu projeto de vida. Portanto, enquanto o filho das mães francesas comem adequadamente na mesa, utilizando os talheres
adequados e comendo vegetais em grandes proporções, o filho da mãe
brasileira corre pelo restaurante, recusando qualquer tipo de comida
saudável. Tudo isso porque a mãe brasileira, abre mão de sua vida
para priorizar a criança, enquanto as francesas não deixam de fazer
nada por causa dos pequenos e com isso eles aprendem que devem
obediência aos adultos.
Finalmente
eu encontrara onde estava a “pedra do meu caminho!”. Eu havia
transformado meu filho, no meu projeto de vida. Agora eu iria agir
diferente e logo me tornaria uma exímia “mãe francesa” e por
conseqüência, teria um “filho francês”.
Como
a vida não é nada previsível... Na mesma semana o meu pequeno
ficou doente. Foi um corre, corre: desmarcar manicure, esquecer o
livro que estava lendo, transferir evento com as amigas( café das
mamys). Corre para um médico, corre para outro, corre para o pronto
socorro, briga com enfermeira que quer dar duas vezes o mesmo
medicamento para o filho (
a mãe descobre a falha, não deixa seu pequeno tomar, a enfermeira,
confere, a mãe estava certa). Aponta o dedo para o médico que não
quer fazer um exame mais sofisticado para diagnosticar melhor seu
pequeno. Foi-se embora a “mãe francesa” com toda a sua etiqueta;
nem a mãe brasileira se encontra mais dentro de mim, surge, aflora a
mãe “primata” que defende a sua prole, luta pela sobrevivência
do seu clã. Com “unhas e dentes”, socorre o pequeno ser com
todas as suas forças. Noites sem dormir, casa para limpar, louça
pra lavar, “larga-se” tudo e volta-se ao projeto mais importante
que se tem na minha vida: o filho. Tudo se transfere para amanhã,
mas o “filho” é o hoje, é o “instante presente”.
Quando
o pequeno melhora, volto a lembrar da “mãe francesa”, me lembro
também de alguns estudiosos franceses que estiveram no Brasil, na
época colonial, pintando e retratando a realidade brasileira. Sempre
havia me perguntado porque vieram de tão longe para nosso país.
Acho que agora sei.... eram filhos de mães francesas que vieram
atrás de mães brasileiras, que são muito mais calientes, eram
filhos carentes de “colo” e “amor”, afinal, se atualmente as
mães francesas são assim.... Imaginem ha quinhentos anos atrás
como eram...muito mais “frias” e “distantes”...
Sabemos
que eles vão crescer... Sabemos que eles não serão para sempre
nosso projeto de vida...Mas se eles estiverem bem e felizes... isso,
de alguma forma, já preenche a nossa alma de mãe. Mesmo que
estivermos lá... correndo, atrás do pequeno, com uma folha de
alface nas mãos...E o pequeno, é claro, sem a mínima etiqueta
francesa, embaixo da mesa, brincando de esconde-esconde.