segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Mães brasileiras.


BY BIA.

Outro dia eu estava lendo uma conceituada revista feminina, quando encontrei uma reportagem sobre mães francesas. Nele havia uma explicação para todos os meus problemas maternais.
O texto dizia, em resumo, o seguinte: que o filho da mãe francesa, fazia parte do seu projeto de vida, enquanto que o filho da mãe brasileira é o seu projeto de vida. Portanto, enquanto o filho das mães francesas comem adequadamente na mesa, utilizando os talheres adequados e comendo vegetais em grandes proporções, o filho da mãe brasileira corre pelo restaurante, recusando qualquer tipo de comida saudável. Tudo isso porque a mãe brasileira, abre mão de sua vida para priorizar a criança, enquanto as francesas não deixam de fazer nada por causa dos pequenos e com isso eles aprendem que devem obediência aos adultos.
Finalmente eu encontrara onde estava a “pedra do meu caminho!”. Eu havia transformado meu filho, no meu projeto de vida. Agora eu iria agir diferente e logo me tornaria uma exímia “mãe francesa” e por conseqüência, teria um “filho francês”.
Como a vida não é nada previsível... Na mesma semana o meu pequeno ficou doente. Foi um corre, corre: desmarcar manicure, esquecer o livro que estava lendo, transferir evento com as amigas( café das mamys). Corre para um médico, corre para outro, corre para o pronto socorro, briga com enfermeira que quer dar duas vezes o mesmo medicamento para o filho ( a mãe descobre a falha, não deixa seu pequeno tomar, a enfermeira, confere, a mãe estava certa). Aponta o dedo para o médico que não quer fazer um exame mais sofisticado para diagnosticar melhor seu pequeno. Foi-se embora a “mãe francesa” com toda a sua etiqueta; nem a mãe brasileira se encontra mais dentro de mim, surge, aflora a mãe “primata” que defende a sua prole, luta pela sobrevivência do seu clã. Com “unhas e dentes”, socorre o pequeno ser com todas as suas forças. Noites sem dormir, casa para limpar, louça pra lavar, “larga-se” tudo e volta-se ao projeto mais importante que se tem na minha vida: o filho. Tudo se transfere para amanhã, mas o “filho” é o hoje, é o “instante presente”.
Quando o pequeno melhora, volto a lembrar da “mãe francesa”, me lembro também de alguns estudiosos franceses que estiveram no Brasil, na época colonial, pintando e retratando a realidade brasileira. Sempre havia me perguntado porque vieram de tão longe para nosso país. Acho que agora sei.... eram filhos de mães francesas que vieram atrás de mães brasileiras, que são muito mais calientes, eram filhos carentes de “colo” e “amor”, afinal, se atualmente as mães francesas são assim.... Imaginem ha quinhentos anos atrás como eram...muito mais “frias” e “distantes”...
Sabemos que eles vão crescer... Sabemos que eles não serão para sempre nosso projeto de vida...Mas se eles estiverem bem e felizes... isso, de alguma forma, já preenche a nossa alma de mãe. Mesmo que estivermos lá... correndo, atrás do pequeno, com uma folha de alface nas mãos...E o pequeno, é claro, sem a mínima etiqueta francesa, embaixo da mesa, brincando de esconde-esconde.