segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mãe careta? Eu?

Não  sei dizer quando passei a ser uma mãe  careta.
Lembro quando não tinha filhos  e eu era a tia mais amada pelas crianças.  As mães  arrumavam  os cabelos de seus filhos  de ladinho,  lambido, e eu - sendo a tia descolada - desarrumava e os deixava  com cara de modernos.
Sempre fui a que ajudava a convencer  os pais a deixar os filhos  saírem para a primeira  balada. Apoiava no primeiro  beijo e ajudava a aprontar com as ex namoradas.
Mas de repente,  não  sei em qual momento da maternidade,  me perdi disso.
Me vejo penteando os cabelos dos meus filhos de lado,e quanto mais lambido,  mais eu gosto. Fico pensando em como o mundo  está  perigoso,  e que talvez  meus filhos  descubram  o que é   uma   balada depois dos dezoito  anos.
Primeiro  beijo? Analisei friamente,  e cheguei a conclusão de que  isso poderá  ser adiado  até  os dezenove  anos.
Deixando  esses assuntos de adulto  de lado, e observando  o atual momento,  não  consigo pensar nas loucuras  que eu fazia quando criança  sem surtar  se os meus filhos me imitarem.
O que aconteceu  comigo?
Tenho  minhas suspeitas. Desconfio  que tenha começado logo depois  do nascimento  dos meus filhos, no momento  em que alguém  os trouxe, todos sujos ainda, ao meu colo, e aqueles olhinhos pequeninos me fitaram  de um jeito vulnerável e indefeso.  Senti que eles pediam em silêncio por ajuda, eles pareciam precisar que alguém os direcionassem, protegessem e os amassem.
Me senti  pressionada.  E acho -só  acho- que foi isso que me fez ficar  assim. Um pouco  neurótica e até psicopata.
Quero ensiná -los a serem educados e a sentar na mesa sem os cotovelos  apoiados no tampo.  Que andem no shopping  e só  corram em parques ou pistas de atletismo. E por que não colocar  capacete ao correr?  Vou pensar no assunto.
A verdade é  que mesmo sendo assim, tão  careta, fico orgulhoso quando os vejo fazendo suas descobertas  sozinhos.  Fico  preocupada e hesito  antes de ir lá  e colocar a rede de proteção ao redor deles, mas me encho de orgulho.
Enquanto escrevo, penso que talvez ser mãe  careta  não  seja de todo mal.  Mesmo por que, ao perguntar  para as crianças  se me acham caretona, eles disseram :"O que é isso?". Se eles  não  sabem o que é, eu talvez  não  seja tão  careta assim.
Para equilibrar -e finalizar - danço  todos os dias com eles. Uma mãe que dança só  pode ser legal.  Eles dão  risada e não  me deixam parar, então  é  legal sim.
Vou me policiar,  ser mais descolada e menos psicótica. Quem sabe poderei ir na primeira  balada com eles.
Até  mais.

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