domingo, 1 de julho de 2012

A primeira noite a gente nunca esquece.

_Sim, mamãe! Eu quero!
E foi com essa frase-resposta de meu filho que começou meu inferno particular.
A pergunta que originou essa resposta veio, na verdade, da mãe de um amiguinho - a famosa, Kátia Fabiana, mãe do famoso Samuca. Era último dia de aula, sexta feira, aquele clima de festa no ar. Uma alegria pairava como brisa, junto com a gritaria da criançada, que estavam animadas um pouco demais. E então, Kátia tem sua excelente ideia: _Por que você não deixa o Pedrão dormir aqui?
Por mim a resposta já teria sido dada. Não, e ponto. Mas ponderei e achei sensato trocar uma ideia com meu marido, afinal, ele é o pai. No fundo eu sabia que ele diria não. Me enganei. Ele achou ótimo essa experiência para nosso pequeno. Humpf!
Então pensei: vou perguntar para o Pedrão, e é claro que ele não vai querer ir. Me enganei de novo. Humpf! Ele não só topou, como ficou empolgadíssimo com a ideia. Não tive alternativa a não ser deixa-lo ir.
Assim que cheguei na casa do Samucae vi Pedrão correndo para longe de mim, uma amargura tomou conta de meu peito. A sensação era a de que eu estava abandonando meu próprio filho, que o estava rejeitando. Um exagero, eu sei, mas ainda assim real. Ainda bem que a Fá se mostrou extremamente paciente. Me tranquilizou e me ligou as duzentas vezes que pedi para que ligasse.
No fundo eu tinha certeza de que teria que ir buscá-lo lá pelas tantas da noite, depois de Pedrão pedir arrego e confessar saudade incontrolável da mãe. Mas isso também não foi como o esperado.
Ele ficou super bem. Brincou, bagunçou, dormiu, acordou e brincou de novo. E nem lembrou que tinha mãe.
Olhando pelo ponto de vista prático - e positivo -, foi uma noite especial para ele. Ele desafiou seus medos, conseguindo enfrentar algo desconhecido e novo. Teve que se virar sozinho para conseguir o que queria, tendo que chamar a Tia para ajudá-lo em algumas tarefas e em outras teve que fazer sem ajuda de ninguém. Ele se sentiu orgulhoso de si mesmo.
Em casa também teve seu lado bom. A Alice teve seus momentos de filha única, sendo paparicada e mimado como nunca havia sido. E ela soube aproveitar esses momentos, nos abraçava e beijava, brincou, correu e depois ficou tão quietinha que até perdi hora para colocá-la na cama.
O lado ruim disso tudo, na verdade, foi só para mim. Por mais que eu soubesse que ele estava bem - só deixaria meu filho dormir em uma casa que eu tivesse completa confiança nas pessoas que iriam cuidar dele, claro -, não consegui dormir direito, e tive que me policiar a cada minuto para não pegar o telefone e ficar ligando à todo momento para a dedicada Fabiana.
O reencontro no dia seguinte demorou a chegar, mas foi uma sensação ótima ver meu pequeno filhote brilhando de tanta satisfação. E depois de alguns beijos e abraços, ele me diz:
_Obrigada, mamãe. Foi o melhor passeio do mundo!!
E assim eu vi que fiz a coisa certa.
Mas agora, chega. Só os amiguinhos virão em casa, não tenho mais coração para mais uma noite sem meu filho por perto.
Atá mais.

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